Segunda, 22 Abril 2024 15:55

O Centro de Pesquisa em Economia Regional (Ceper) da Fundace divulga boletim sobre crescimento populacional no Estado de São Paulo

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No presente estudo, trazemos dados de população para as regiões administrativas e metropolitanas do estado de São Paulo. A análise foi feita com base nos Censos Demográficos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) entre 1990 e 2022.

No Gráfico 1, percebemos que as taxas de crescimento populacional são decrescentes no estado de São Paulo, refletindo a queda na taxa de fertilidade. Esse declínio é observado não apenas no estado de São Paulo, mas no Brasil como um todo. Os dados do Censo de 2022 revelam que o Sudeste apresentou um dos menores crescimentos populacionais do país, mas se mantém como a região brasileira mais populosa.


Fonte: Elaboração própria com base nos dados dos Censos Demográficos do IBGE.



Como observado no Mapa 1 de crescimento populacional entre 1990 e 2000, o estado de São Paulo apresentou taxas de crescimento elevadas concentradas nas Regiões Administrativas e Metropolitanas de São Paulo, Campinas, Sorocaba, Ribeirão Preto e na Região Administrativa Central, onde está reunido o maior número de municípios com taxas de crescimento acima de 15%. Apesar de ainda permanecer alto, o cenário de crescimento populacional na capital paulista não se destacou nos anos 90; houve um processo de menor populacional no município motivado pela redução da qualidade de vida na cidade e elevação dos custos de moradia e operação das firmas, o que provocou a migração de pessoas para regiões mais próximas.

A indústria do estado de São Paulo, que até então se concentrava majoritariamente na sua região metropolitana durante a década de 1970, começou a se espalhar para áreas mais distantes da capital em um fenômeno conhecido como a interiorização da indústria. Esse movimento foi impulsionado principalmente pelos investimentos feitos em certos municípios que resultaram em uma grande integração entre diferentes setores industriais, melhorias na infraestrutura promovidas pelo governo, como a modernização das vias rodoviárias e ferroviárias, além de incentivos fiscais. A sinergia entre a agricultura moderna e a indústria, juntamente com a ampla demanda do estado por matéria-prima, produtos intermediários e bens de consumo, também foram fatores decisivos para a disseminação do desenvolvimento industrial para o interior (Cano, 1992).


De forma resumida, nota-se que a expansão das atividades econômicas para o interior, especialmente durante as décadas de 1980 e 1990, favoreceu municípios como Campinas, São José dos Campos, Sorocaba, Ribeirão Preto (devido à agricultura avançada), Santos (na região da Baixada Santista) e Jundiaí. Além disso, esse movimento resultou em uma desconcentração focada dentro da economia estadual.



Mapa 1. Fonte: Elaboração própria com base nos dados dos Censos Demográficos do IBGE. 

 


De acordo com os Informes Urbanos publicados em setembro de 2011 pela Prefeitura de São Paulo, todos os municípios da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) diminuíram suas taxas de crescimento populacional em 2010 em relação à década de 1950/1960, ainda que continuassem crescendo em números absolutos. Apesar da queda, as taxas de crescimento populacional se mantiveram acima de 15% para os  municípios ao redor da RMSP, como visto no Mapa 2.


Mapa 2. Fonte: Elaboração própria com base nos dados dos Censos Demográficos do IBGE.


Analisando o Mapa 3 sobre o crescimento populacional para o período de 2000 a 2010, é notável a redução na taxa de crescimento populacional e sua descentralização em relação à década anterior, sendo essa redução associada a uma menor taxa de fertilidade e migração proveniente de outros estados. O processo de descentralização foi decorrente da interiorização do desenvolvimento, com o surgimento de novos polos atrativos a população e empresas.

O destaque de crescimento entre 2000 e 2010 foi para os municípios no oeste e leste da RMSP, no entorno de Campinas, em Sorocaba e no seu entorno, em São José dos Campos e no seu entorno, sendo esse crescimento um indicativo de desconcentração da atividade econômica da capital paulista para as regiões próximas. Destaque também para os municípios do litoral norte e parte do litoral sul do estado, indicativo de migração de aposentados para a região litorânea. No Mapa 3, percebemos ainda um dinamismo de Botucatu e dos municípios no seu entorno, de Ribeirão Preto e seu entorno, além de alguns municípios mais ao noroeste e oeste do estado de São Paulo.



Mapa 3. Fonte: Elaboração própria com base nos dados dos Censos Demográficos do IBGE.



O Mapa 4, referente ao crescimento populacional entre 2010 e 2022, ilustra de forma mais clara a descentralização do crescimento populacional no estado e o surgimento ainda mais perceptível de áreas com nenhum crescimento ou retração populacional. Nele, notamos que os municípios situados entre Campinas e a capital, além daqueles no entorno de Sorocaba e São José dos Campos apresentaram crescimento acima de outras regiões paulistas, indicando maior dinamismo econômico dessas regiões. São José do Rio Preto e os municípios em seu entorno também apresentaram crescimento mais elevado, apontando para o dinamismo econômico da região. Vários municípios do litoral também mostraram crescimento acima de 15%.

As maiores taxas de crescimento nos municípios de pequeno e médio porte decorrem da qualidade de vida que proporcionam e pela dinâmica econômica. Além de satisfazerem as aspirações de empresários e residentes, esses municípios são reconhecidos como ambientes mais favoráveis para a residência graças ao conforto e à disponibilidade de serviços de alta qualidade que oferecem (Motta e Mata, 2008). Por outro lado, notamos no Mapa 4 uma quantidade considerável de municípios com crescimento populacional negativo, sendo compostos, em grande medida, por municípios pequenos, onde a saída de moradores para estudo ou trabalho leva a problemas adicionais de falta de dinamismo econômico e mercado imobiliário em decadência.



Mapa 4. Fonte: Elaboração própria com base nos dados dos Censos Demográficos do IBGE. 



Comparando os três mapas, é nítida a tendência de menor crescimento populacional nos estados paulistas, ainda que algumas regiões ainda apresentem dinâmica distinta devido à atração de pessoas. Regiões ou municípios que possuem economia mais dinâmica geram mais empregos e oportunidades de ocupação, atraindo pessoas em busca de melhores oportunidades. É válido ressaltar que a elevação de atividades realizadas via home office estimulou a busca de moradia em locais mais tranquilos e baratos, o que contribuiu para o fluxo populacional para regiões mais interioranas e menos densas.

A Tabela 1 mostra os municípios do Estado de São Paulo com as maiores taxas de crescimento nos anos de 2000 e 2020. Durante esse intervalo, as taxas de crescimento dos municípios que mais cresceram têm decaído, o que está de acordo com os resultados apresentados anteriormente. Entre 2010 e 2022, o município de São Paulo registrou um crescimento populacional de aproximadamente 8%. Já as cidades de pequeno e médio porte com maior crescimento, como visto na tabela abaixo, registraram taxas de crescimento populacionais que passam dos 40%.



Fonte: Elaboração própria com base nos dados dos Censos Demográficos do IBGE.


A Tabela 2 mostra o crescimento populacional das regiões administrativas ou metropolitanas do estado de São Paulo entre 1991 e 2022. É importante ressaltar que apenas as regiões da Baixada Santista e de São Paulo se configuram como regiões metropolitanas, as demais são regiões administrativas. Como pode ser observado, as regiões que ficaram com taxas positivas em relação ao estado foram as Regiões Administrativas de Campinas, Ribeirão Preto, São José dos Campos, São José do Rio Preto, Sorocaba e a Região Metropolitana da Baixada Santista, indicando que essas regiões oferecem serviços e oportunidades que as tornam atrativas para pessoas e empresas.



Fonte: Elaboração própria com base nos dados dos Censos Demográficos do IBGE.


A Tabela 3 apresenta os quinze municípios do estado de São Paulo que apresentaram maior taxa de crescimento em relação ao estado entre 1991 e 2022. Esses municípios pertencem majoritariamente às regiões administrativas ou metropolitanas que apresentaram os maiores índices de crescimento no período considerado. O município de maior crescimento pertence à Região Administrativa de São José do Rio Preto, Bady Bassitt, mas os municípios com maiores crescimento populacionais estão espalhando por diversas regiões, com certo destaque para os municípios do litoral paulista.



Fonte: Elaboração própria com base nos dados dos Censos Demográficos do IBGE.


Finalmente, o Mapa 5 ilustra a intensidade do crescimento populacional dos municípios do estado de São Paulo em relação ao crescimento médio do estado, entre 1991 e 2022. Os municípios em tons de azul detêm os maiores níveis de crescimento populacional, e os tons amarelos representam os menores índices de crescimento populacional.

No Mapa 5, notamos um menor crescimento da capital paulista, apontando uma alteração de dinamismo populacional da capital para municípios da RMSP e das regiões de Campinas, Sorocaba, São José dos Campos e Santos, mostrando uma desconcentração populacional em direção a regiões próximas da capital em decorrência, possivelmente, da desconcentração da atividade econômica em direção a essas regiões. Notamos ainda que, em regiões mais distantes da capital apresentam maior crescimento populacional os municípios no entorno de Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Botucatu, São Carlos e Araraquara, além de parte dos municípios do Vale do Paraíba e do litoral paulista.

Os municípios com menores crescimentos populacionais estão situados mais ao sul do estado, além do oeste, noroeste e norte. Vale ressaltar que são os municípios mais ao extremo dessas regiões e, portanto, mais distantes da capital do estado. Adicionalmente, os municípios do Vale do Paraíba mais próximos ao estado do Rio de Janeiro também apresentaram menor dinamismo populacional.



Mapa 5. Fonte: Elaboração própria com base nos dados dos Censos Demográficos do IBGE. 




Por: Centro de Pesquisa em Economia Regional (Ceper) da Fundace

 

Lido 151 vezes Última modificação em Segunda, 22 Abril 2024 15:59