Martes, 09 Febrero 2021 15:04

Estudo aponta elevado índice de desigualdade racial na educação pública paulista

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Os municípios paulistas apresentaram melhora no aprendizado dos seus alunos entre 2007 e 2017, mas com dificuldade em reduzir as desigualdades étnico raciais no desempenho escolar, sobretudo para os alunos pretos.

 

É o que aponta o Boletim Desigualdade Escolar, coordenado pelos professores da FEA-RP Luciano Nakabashi e Amaury Gremaud, com apoio do programa USP Municípios, que analisou dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), Prova Brasil.

 

Alguns municípios e regiões do estado permitiram o aumento da desigualdade no desempenho educacional entre os alunos negros e não negros, em contramão à diretriz do Plano Nacional de Educação (PNE) que determina a redução das desigualdades educacionais.

 

“A escola pode ser o primeiro lugar em que as crianças entram em contato com o racismo estrutural e com a discriminação racial, temos que o ambiente escolar tem papel crucial na redução das desigualdades socioeconômicas e dos preconceitos da sociedade” explicam os professores.

 

Uma pesquisa com dados do SAEB/Prova Brasil de 2005 a 2013 verificou que a população negra apresentou pior desempenho educacional e maior distância dessa situação ideal.Ao analisar os dados dos 645 municípios paulistas, 246 (38% do total) apresentaram sua população negra com desempenho pior do que a não negra no 5º ano do ensino fundamental. Apenas 12 (2%) tiveram a população negra com desempenho melhor.

 

As regiões de Tupã, Botucatu, São Joaquim da Barra, Cruzeiro, Ribeirão Preto e Lins, foram as que apresentaram as maiores reduções dos hiatos desfavoráveis para a população negra no 5º ano do ensino fundamental público e também foram as menos desiguais em 2017. A situação piorou no 9º ano do fundamental: Em 328 municípios (51%) a população negra obteve desempenho educacional médio menor do que as demais.

 

Dados também indicam que os alunos pretos apresentaram taxa de reprovação (13,7%) duas vezes maior do que os seus pares brancos no 3º ano do ensino médio. O mesmo cenário aparece nos dados de taxa de abandono escolar. O abandono acontece majoritariamente nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio, sendo a população preta, mais uma vez, a mais presente na situação.

 

“Considerando que as taxas de abandono e repetência são altas no final da trajetória escolar e que as taxas dos alunos pretos são maiores em relação às taxas de seus pares, uma menor parcela da população preta chega ao 3º ano do ensino médio, o que agrava as desigualdades sociais” comentam os professores.

 

Por: Leonardo Rezende.

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