Miércoles, 22 Julio 2020 17:03

Estudo aponta relação entre desigualdade e criminalidade

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Municípios com maior desigualdade econômica possuem maiores taxas de criminalidade. É o que aponta o Boletim Segurança Pública, um estudo conduzido pelos professores Luciano Nakabashi e Amaury Gremaud, e pelos mestrandos André Menegatti e Nícolas Scaraboto, da FEA-RP, que analisou dados dos municípios paulistas de 2010 e 2019.

A correlação dos dados Gini [medida de desigualdade e concentração de renda] com os indicadores de segurança pública apontam uma relação proporcional: quanto maior a desigualdade, maior o índice de criminalidade. "A desigualdade de renda coloca para a margem do sistema produtivo parte da população, favorecendo, por sua vez, a realização de atividades ilegais como forma de sobrevivência” explicam os pesquisadores.

O estudo mostra que há também uma relação proporcional entre o desenvolvimento econômico municipal e a taxa de roubo: quanto maior o nível de renda e de desenvolvimento econômico, maior é o retorno dos crimes contra o patrimônio, pois fornece maiores oportunidades para tais atividades.

Essas relações podem ser verificadas quando a criminalidade é analisada ao longo das regiões do Estado: há menor segurança pública nos municípios do litoral paulista, que possui altos índices de desigualdade, e os crimes contra o patrimônio estão concentrados nos municípios no entorno da capital, Campinas e ao longo das rodovias BR 116, BR 101 e SP 330, onde há altos índices de riqueza.

Queda da criminalidade
Entre 2010 e 2019 houve queda nos diferentes indicadores de criminalidade no Estado de São Paulo, o que indica sucesso nas políticas para redução das atividades ilegais. Quando são analisadas as populações, municípios mais populosos tendem a apresentar maiores taxas de roubo e furto e roubo de veículos (FRV) por 100 mil habitantes.

Houve reduções relevantes das taxas de homicídio em diversas regiões administrativas (RAs) paulistas, com as menores taxas nas RAs de Barretos, Presidente Prudente, Ribeirão Preto e São José do Rio Preto. As únicas RAs com taxas acima de 10 por 100 mil habitantes foram as de São José dos Campos e Registro, mesmo com a redução experimentada no período. Apenas três RAs apresentaram crescimento nas taxas de homicídio: Marília; São José do Rio Preto e Sorocaba.

Em 2019, as menores taxa de roubo e FRV ocorreram nas RAs de Presidente Prudente, São José do Rio Preto, Araçatuba, Marília e Itapeva. Entre as RAs com as maiores taxas de roubos e FRV estão as de Santos e São Paulo, com taxas bem acima das demais regiões. Campinas, São José dos Campos e Ribeirão Preto apresentaram taxas acima da média estadual.

Por: Leonardo Rezende, Assistência de Comunicação da FEA-RP.

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