Ajudar a analisar o cenário atual da infraestrutura no país e dar suporte ao futuro presidente da República para formular metas e programas de Governo para os próximos quatro anos. Essa é a função de quem compõe o Grupo Técnico de Infraestrutura da equipe de transição do Governo Federal. Um dos integrantes, nomeado por meio da Portaria nº 66, de 1 de dezembro de 2022, é o servidor público André Almeida Morais, doutorando do Programa de Pós-Graduação em Controladoria e Contabilidade (PPGCC) da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP) da USP.

O convite para compor a equipe de transição partiu do Deputado Federal Baleia Rossi, presidente nacional do MDB (Movimento Democrático Brasileiro), em decorrência da temática de sua tese, intitulada “Investimentos em Infraestrutura a partir de Fundos Previdenciários Públicos”, desenvolvida sob orientação do Prof. Dr. Amaury J. Rezende, docente do Departamento de Contabilidade da FEA-RP e Diretor Geral da Coordenadoria de Administração Geral (Codage) da USP. A pesquisa busca alternativas para ampliar os investimentos em infraestrutura no Brasil, uma área fundamental para a produtividade macroeconômica e, consequentemente, para o crescimento de longo prazo da economia de um país.

Graduado em Ciências Contábeis pela FEA-RP, Morais é mestre em Gestão e Políticas Públicas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Já atuou no setor privado como auditor independente e foi servidor público do Ministério da Educação. Hoje, é servidor da Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto, tendo ocupado os cargos de Coordenador de Projetos e Secretário Municipal da Administração.

Morais é defensor da retomada de investimentos públicos em infraestrutura como fator estruturante para o desenvolvimento econômico através da geração de empregos, aumento na arrecadação de impostos, crescimento do PIB e redução da pobreza e da desigualdade de renda. No Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília, o integrante da equipe de transição respondeu a algumas perguntas encaminhadas pela Assistência de Comunicação da FEA-RP:

Assistência de Comunicação: Qual o cenário da infraestrutura no Brasil?
Morais: Nos últimos 20 anos, o Brasil investiu, em média, 2,1% do PIB em infraestrutura, abaixo da média mundial de 3,8% e de países como China (8,5%) e Índia (4,7%). Em 2019, foi investido 1,71% do PIB em infraestrutura e para alcançar a média mundial de estoque de infraestrutura, seria necessário investir entre 4,8% e 7% do PIB anualmente, para a obtenção de índices de crescimento sustentado, segundo dados de 2020 da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (ABDIB). Em 2020 e 2021 tivemos os efeitos da pandemia e os níveis de investimento em infraestrutura foram ainda menores.
Diante dos efeitos desafiadores da pandemia na economia, é imperativa a criação e execução de políticas públicas que venham ao encontro da geração de empregos e renda, melhorem a situação das contas públicas nacionais e proporcionem a retomada do crescimento econômico. Ademais, é importante destacar que os investimentos em infraestrutura, públicos e privados, são complementares e não substitutivos. Há investimento em infraestrutura que em determinados locais e/ou setores não apresentam interesse privado, porém possuem interesse público para a sua realização. Inclusive, o investimento público em infraestrutura pode ser determinante para a realização ou aumento do volume de investimento privado.

Assistência de Comunicação: Como é a experiência de utilizar sua pesquisa no Governo de Transição na esfera federal?
Morais: A pandemia e a criação da vacina contra a covid-19 nos trouxe um grande ensinamento de que os progressos da humanidade se dão por meio do conhecimento e dos avanços científicos. Assim, o ambiente acadêmico possui papel fundamental no auxílio e formulação das políticas públicas para um país melhor, mais justo e inclusivo, independentemente de quais sejam os governos e as vertentes político-partidárias.
Na infraestrutura, não será diferente: as soluções e os avanços se darão por meio do conhecimento e por uma gestão pública de excelência. Desde a promulgação da Constituição de 1988, tivemos avanços em relação ao histórico problema de planejamento no setor de infraestrutura. Mas ainda há uma ausência de modelos e mecanismos que permitam atingir o potencial necessário de recursos públicos e privados no setor.
O investimento em infraestrutura no Brasil, em porcentagem do PIB, vem em queda desde os anos 1980, de forma que precisamos preencher essa lacuna sem esperar espaço fiscal nos próximos anos. A perspectiva de realizar investimentos em infraestrutura a partir de recursos previdenciários, com segurança jurídica e financeira na operação, poderá criar uma oportunidade de avançarmos em uma pauta promotora do desenvolvimento econômico, utilizando o setor para promover um Brasil melhor e mais competitivo.

Assistência de Comunicação: Qual o papel da FEARP-USP na sua formação acadêmica e profissional?
Morais: Quando iniciei a graduação na Universidade de São Paulo, lembro que recebi um manual do aluno e, no prefácio, a então Magnífica Reitora - Prof. Dra. Suely Vilela - afirmava que a USP tem uma formação ampla e diversa, além da formação na área específica da graduação (no caso da FEA-RP, área de negócios). Realmente, tive acesso a uma formação que me permitiu obter uma perspectiva ampla, transversal e humanística na carreira profissional. A USP me proporcionou grandes oportunidades acadêmicas e profissionais, mas sobretudo me ajudou a ser um cidadão melhor. Especificamente, a FEA-RP me proporcionou na graduação (e ainda proporciona no doutorado) uma educação de primeiríssima linha e alguns dos melhores anos da minha vida. Tenho muito orgulho de ser da FEA-RP, que me propiciou realizar conquistas e os meus planos. Ela nunca sairá da minha história e gosto de pensar que nunca sairei da história dela.

Por: Rodrigo Basso, Assistência de Comunicação da FEA-RP.