Análise do IDEB no Brasil e no estado de São Paulo

Nesse boletim, analisamos o comportamento do desempenho educacional no Brasil e no estado de São Paulo, utilizando o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), criado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). O indicador foi formulado para medir o desempenho educacional dos alunos e estabelecer metas para a melhoria do ensino. O Ideb é calculado a partir dos dados sobre aprovação escolar, obtidos no Censo Escolar, realizado anualmente, e das médias de desempenho no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), provas que ocorrem a cada dois anos

A Figura 1 ilustra a evolução do indicador no Brasil de acordo com suas grandes regiões, considerando os anos iniciais do ensino fundamental. A figura mostra uma melhora nas regiões até 2019, quando o índice apresenta queda ou certa estabilidade nas grandes regiões, com exceção do Centro-Oeste. Apesar disso, é inegável que houve melhora no Brasil como um todo.

A distribuição geográfica do Ideb apresenta considerável disparidade entre os estados, como pode ser visto nos mapas no apêndice (Figuras A.2 e A.3), com os melhores desempenhos (5.8-6 e 6+), em 2023, nos estados das regiões Sul e Sudeste, além do Ceará. Esta visualização espacial complementa a análise temporal apresentada anteriormente, permitindo uma compreensão mais abrangente da evolução da educação básica no país.

As Figuras A.5 e A.6, também no apêndice, trazem os resultados para os municípios do estado de São Paulo, considerando os anos iniciais do ensino fundamental. Comparando as duas figuras, é possível verificar melhora significativa no desempenho médio dos alunos entre 2011 e 2023. Em 2023, as regiões do oeste e noroeste paulista concentram a maioria das cidades com melhor desempenho escolar.

A Tabela 1 evidencia os dez municípios com melhores performances nos anos iniciais do fundamental à esquerda, além dos dez municípios que obtiveram as piores notas à direita, em 2011. Taiaçu foi o único município a exibir nota superior a 8, enquanto os demais municípios com índices elevados apresentam notas superiores a 7 pontos. Já entre os dez municípios com as menores notas, todos exibem pontuações entre 4 e 5.

A Tabela 2, com resultados para 2023, mostra que as notas mais altas pertencem aos municípios de Floreal, Fernando Prestes e Elisário, com pontuações superiores a 8. Por outro lado, as cidades de Serra Azul, Arapeí e São José da Bela Vista possuem as menores pontuações.

A Figura 2, relativa ao Ideb aos anos finais do ensino fundamental, mostra que o crescimento do índice ocorreu em todas as regiões do país até 2019, com estabilidade a partir de então como consequência da pandemia da Covid-19.

As Figuras A.8 e A.9, no apêndice, ilustram o desempenho médio dos estados brasileiros no Ideb, em 2011 e 2023, considerando os anos finais do ensino fundamental. Nessas figuras, nota-se evolução em todos os estados, sendo que os melhores desempenhos, em 2023, são para os estados do Sul e Sudeste, além de Goiás e Ceará.

Nos municípios do estado de São Paulo, os resultados estão nas Figuras  A.11 e A.12, também no apêndice, para 2005 e 2023. Nesses mapas, notamos que houve melhora considerável no desempenho escolar dos municípios paulistas. Em 2023, as regiões noroeste, central e sudeste do estado são aquelas que concentram a maior parte dos municípios com desempenho escolar acima de 5,5, ou seja, as notas médias mais elevadas.

Na Tabela 3, estão os municípios com as maiores e menores notas do Ideb do estado, para os anos finais de ensino fundamental, em 2011. As cidades de Jumirim, Marapoama e Pedranópolis possuem as maiores notas, enquanto os municípios de Boa Esperança do Sul, São João da Boa Vista e Guaiçara obtiveram as piores notas.

A Tabela 4 mostra as maiores e menores notas do Ideb no estado, no mesmo nível de ensino, para 2023. Os destaques positivos são Santana da Ponte Pensa, Marinópolis e Santa Salete, sendo que as dez cidades com as maiores notas no Ideb possuem índices acima de 6 pontos. Por outro lado, os municípios com as piores notas são Bananal, Platina e Ribeirão Bonito.

Pela Figura 3, notamos que o Ideb é mais instável na média das grandes regiões brasileiras no ensino médio. Pela figura, notamos melhora, mas menos significativa que nos outros níveis de ensino, além de convergência da nota média entre as grandes regiões. Como nos outros níveis de ensino, a pandemia afetou negativamente o desempenho médio dos alunos do ensino médio no Ideb, com melhora até 2019, e subsequente queda ou estabilização a partir de então.

Pela análise dos resultados expostos nas Figuras A.14 e A.15, referentes aos resultados das notas médias do ensino médio nos estados brasileiros, para 2011 e 2023, notamos evolução em quase todos os estados. Em 2023, os melhores desempenhos ocorreram em São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás, Ceará, Pernambuco e Espírito Santo. Os destaques negativos ficam para Pará e Rio Grande do Norte.

As Figuras A.17 e A.18, também no apêndice, fornecem os desempenhos médios do ensino médio para os municípios paulistas, em 2017 e 2023. Os resultados mostram menor evolução no ensino médio porque o período de comparação é menor, mas também porque este nível de ensino tem enfrentado maiores dificuldades de melhoria em relação aos anteriores.

Na Tabela 5 estão os dez municípios com as maiores e menores notas no ensino médio, em 2017, o que evidencia a maior dificuldade de melhoria no desempenho do ensino médio que ocorre não somente nos municípios paulistas, mas em outras regiões do país. Na Tabela 5, nota-se que as notas para esse nível de ensino são inferiores às apresentadas nas etapas anteriores. Os municípios de Santa Salete, Mesópolis e Rubiácea lideram o ranking, enquanto Canas, Borebi e Guarantã apresentam os piores resultados.

A Tabela 6 traz os melhores e piores desempenhos municipais para o ensino médio em 2023. Os municípios com as maiores notas estão acima de 5 pontos, enquanto os municípios com as menores notas estão abaixo de 4 pontos. Os destaques positivos são Santana de Parnaíba, Cândido Rodrigues e Cássia dos Coqueiros, enquanto os negativos são Herculândia, Potim e Brejo Alegre.

Na Figura 4, temos a evolução do Ideb nos três níveis de ensino para o estado de São Paulo. Nela, verificamos a tendência de elevação do Ideb nos três níveis de ensino até 2019, com estabilização após esse período. O desempenho médio mais elevado dos alunos que estavam nos anos iniciais do ensino fundamental e pior daqueles no ensino médio indica a dificuldade de passar o maior aprendizado inicial para as etapas posteriores de ensino.

Por fim, consideramos o desempenho médio dos alunos da Região Metropolitana de Ribeirão Preto (RMRP). Nas Figuras 5 e 6, notamos elevação no desempenho médio da RMRP, sobretudo até 2019, semelhante ao que ocorreu nas outras regiões. Adicionalmente, o desempenho médio da RMRP está posicionado consistentemente acima da média nacional, mas abaixo da média estadual, exceto nos primeiros anos da análise e em 2023, quando os municípios da região se igualaram ao desempenho médio do estado. Isso ocorreu porque os municípios da RMRP parecem ter sentido menos os impactos da pandemia sobre o aprendizado em relação à media dos alunos do estado.

Por: Luciano Nakabashi e Rudinei Toneto Júnior, Ruan Cursino Thomé, Leandro Del Picchia Torriani, Júlia Gonçalves Ernandes e Maria Eduarda Vieira